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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Camillo

Ali, armado de todos os medos, andava e sabia o que ali viria.
Camillo, de costas para mim, de frente para as cartas, seu rosto de cristal e cheio de redeas.
As maos acabadas por linhas finas, de textura e lenco, com a caneta vinho que ia e voltava dos hospitais aos mundos mais infimos.
Criador de historias, milhares e dezenas divinamente descritas.
So parando que consegui entender sua beleza.E notei sua desgraca, eu hoje te entendo.
Como suas costas sao largas, que meus olhos se derretem em correr pelos teus.A magreza altiva e exagerada.O suspiro e o halito que ardem minha alma.
A cama de madeira vazada, a coberta cinza claro com jeito de aguia.
Os olhos arregalados enfeitados pela escuridao de um tenebroso.
Assim que te olho, te amo atoladamente.
Nao se ajoelhe e reze pois assim eu morro.
Nao ande por ae arrastando contigo minhas promessas no seu prumo branco.
Nao regozige a pureza do seu olhar contra minha maldade amiga, eu amo Camillo de todas as formas na vida.
Nao se mude do meu choro, nao ameace o seu, voce e meu anjo que eu vi como homem.
O teu veu, que nao e tua veste, te da uma ar Maria.
E eu te suplico, nem mais uma palavra que tua voz doi demais.
De tanta docura Camillo, de tanta mansidao me sinto a morrer.
E se seus dedos finos e compridos ameacam me conter, um segundo e eu me passo por inteiro.
As noites tem sido escuras, ali na mesa ainda cartas suas, em segredo.
Amor e tortura na luz e na revelacao.
Quanto mais cavo mais desajeitado fico.
Quanto mais me desepero, mais desperto isso comigo.
Camillo, como juntar minhas duas maos proximas ao coracao,
como cerrar meus olhos, para que o respeito e o juizo me consolem.
Para que eu nao te perca mais...nunca mais.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

a agua de lourenco

Nessa noite em que a lua me ilude e pra vosso espanto me deito sao.
Me estabelece com o manso do vosso beijo e carne de vossa carne
Santas espadas que cruzaram as estradas, do carneiro que andara atrelado ao sino
Do lobo que se perdera na lua, das espadas que cruzaram o ceu.
A curva que me fez cair de mim a, gloria da divina gloria.No trocar dos seus dedos, na mudanca de turno de todos os santos perdi o toque e cai ali entao.
Nessas lugrubes arias de temidas gaivotas, na floresta que arde em chamas
Do fogo que bravamente ateia o bosque e que cospe o inferno de antes.
Eu falo daqueles que se atreveram em uma unica vida.
Chamarias meu nome sao lourenco, entao logo e eloquente eu toco as estrelas
Um remoto susurro do frio e do frio do vento que habita aqui e em mim.
Oh triste solidao!Se pudesse tocar-te nao com as maos, mas com um beijo.
Se pudesse sereno sentir

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Chico

Nao,
Nao eu nao quero mais
do que ir alem e ver a luz do teu olhar
Eu quero mais do que um sonho, eu quero mais de que ir alem e ver a luz do teu olhar
As paredes quando falam sao propostas tao carentes
O desonesto dessa dor
E o meu corpo voando, quanto mais eternamente sinto a falta desse olhar

Aonde quer que eu va
Levo voce no meu pensamento
Aonde quer que eu va
Chico
Palavras ao vento

Aonde quer que eu va
Levo voce no meu pensamento
Aonde quer que ao Chico
Palavras ao vento

Subo a escada pelas ruas, disfarcando meus momentos sobre o ato de falar
E comungo sobre aurora, tempo passa e chega a hora de encontrar toda essa luz
As paredes quando falam, dao respostas tao carentes as promessas desse olhar Meu mundo voando, nada passa e eternamente sinto a falta desse amor

Aonde quer que eu va
Levo voce no meu pensamento
Aonde quer que eu va Chico
Palavras ao vento

A qualquer momento, a qualquer momento eu vou estourar
A qualquer momento, a qualquer momento eu vou falar

segunda-feira, 19 de abril de 2010

pequena oracao

Que paz!Que gloria!Gracas a Deus tudo esta bem.
Tudo estara bem, tudo esta bem, tudo foi bem.
Oh, graca, que divina minha ostia e minha vida
Eu, o escudo e a semente.
Voce, a minha eterna sabedoria, amor solidario.
Oh quanta paz, quanta alegria, Deus bem vindo de mim.
Quanta perfeicao, que singular, oh divina vida vinda de mim.
Que graca!Que beleza, oh, como voce e reto!
E que docura e emancidao.
Entao, oh pai estou encrustrado pelo seu palpite.
O bem de mim, delicado bem de mim, relicario e tesouro.
Se voce a minha frente esta, se voce a minha direita esta, se voce a minha esquerda esta, se voce a minhas costas esta.
Se estou dentro, por dentro e por fora, se estou fora e de fora pra dentro.
Oh se estou molhado por voce.
Estou na graca, na luz, quanta alegria e quanta luz!
Tudo esta bem, que graca, que belo, gracas a Deus tudo esta bem!
Tudo bem, tudo foi bem, tudo esta bem, gracas a Deus!

domingo, 18 de abril de 2010

maria madalena

Ela se perguntou pelas trancas indignas ao auxiliar seu irmao.
Era possivel amamentar um filho, se havia veneno em seu coracao?
Mas assim andava maria coragem, o furgor rugia seu manto e ela
devota de sempre, andava na forca dos ventos sem perguntar, nem mesmo
no seco dos labios, por um homem que fosse.
Mas perguntava por um mesmo sempre, aquele que por horas lhe vinha a mente.
Perguntava por si quando unia seu nome ao dele.
Coragem, dizia ela na lingua que tantos outros falavam.
Andava horas e dias, cortava o deserto que hora empurrava, hora rugia.
Hora empurrava e a fazia cair, hora empurrava e a fazia caminhar.
Era sua figura impar, soldado do alem, carreta sem estrada, simplesmente corria nos seus
passos largos, nos olhos presos pela vida, nas unhas entrevadas contava a amargura dos pes.
Era possivel imprimir um gesto calido, e nao ser gravada pelas estrelas
Era todo esse silencio que fazia dela a chave que o pai buscava entre outros mil olhares.
Ela fervia como uma febre de alucinar, e quando a agua implesmente se foi,
ela bebia no poco dos seus labios as mensagens que lhe fariam tao bem.
Era possivel saber de onde vinha, e eis que depois do turbilhao, uma cabana singela
de um seco muito farto a chamou pelo cansaco.
Eu cabana lhe abri os bracos e mostrei a ela o que estava por vir.
Entao finalmente esse era seu descanso, esse era seu domingo.
Era possivel amamentar um filho, mas e o veneno de seu coracao?
Isso era uma mancha marrom no deserto, entao, passaram-se as horas, o sol se foi fixo e adoentado
e a noite chegou se fazendo brilhar muito mais do que ele.
Assim, trouxe o frio e a briza, pro alivio da pobre maria, o pobre corpo febril que deitado na esteira, atentava-se ao primeiro sinal de vida.
Os sinos gemiam e ela implorava por suplicas, agora...
Era ele e ela, no fim do mundo, numa terra de ninguem.
Era ela maria, meiga e gentil, com trancas vermelhas...mas fragil nao!jamais.
Se veio seguinte todo um passado, da infancia inexplicavel, da juventude alegre, da maturidade sofrida.
Cada sentimento lhe preenchia o querer, o olhar abundante transformou olhos negros em torrentes de aguas frias, os labios se separaram na intencao do respiro mais profundo.
Ela se punha jogada e detida pelo delirio de estar sendo mae...e numa incapacidade sobre-humana Empurrava o pequeno misto de sabedoria e pureza que lhe restava.
Maria era tao especial que teve seus passos seguidos por toda vida.
Era tao vil e tao incredula ate o dia que um certo alguem mudaria sua vida.
Mas ela calaria sem lamurias o nome do pai.
Por que ele coube num segundo o vazio dos seus seculos e comum como um beijo nos labios, penetrou sua bondade, dentro do pobre corpo de maria.
Sua alma saliente, era de toda vida, sempre envolvente, maria sofria agora da saudade de quem jamais e novamente veria.
Mas o presente estava ali, era agora, sim era ele...seus pes lavados e tocados, os cabelos compridos que enrolados aos seus, contemplados na promessa de amor.
Sentindo o coracao se abrir no reboque de uma flor, que aguardada pelos passaros...
Entao maria se abriu e pela primeira vez usou as maos por si, sentiu todas as dores, mas nenhuma, em momento algum, em segundo que fosse lhe incobriu a certeza.
Sim, era possivel amamentar um filho com todo o veneno de seu coracao e depois de tudo,
agarrando o filho ainda imundo pelos bracos, o sangue escorria sem pena, chorou e sofreu junto com ele, a dor de nascer nesse mundo...mas sorriu, na delicia de amamenta-lo e servi-lo...
E uma estrela correu o ceu, cortou e caiu, na delicadeza da estrada, no chao aspero e incaulto.
As lagrimas abrasadoras de maria simplesmente perceberam que nao havia mais tempo, nao haveria mais espaco para elas, entao quando silenciou, o novelho, reencostado ao seu corpo, em trajes de adao, se recompos do rompimento.
Ela que morria pra fora, ele que morria pra dentro, naquele choro derradeiro.
A partir dali, ela ja era outra e ele um rico menino.
Rico das riquezas mas puras e foi assim pra sempre.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

casa branca


Sao poucos metros num espaco de mato, mais do que cheiro de brejo.
Madeira escura, vidrilhos e azulejos vividos, mas todos rachados.
A janelinha mal cabe meu corpo dentro, mas a imagem la de fora me engole por inteira.
Alface, luz de um verde sem fim, um bem fisico, ondulado e regado pela agua mais fria vinda da caneca azul clara, esmaltada e com pequenos e pontilhados desgastes de ferro.
O chao e todo de serrado, mas o ceu e de prata.
Nao existem teias de aranha, porque nao ha provas pra expiar, ja passou.
A vida e simples e de paz, e essas maos que cubro meu coracao...e uma casinha fraterna que guardei pra voce.
O ceu como eu disse e marinho escuro, da cor do melhor azul.
Se anda de chinelos, se constroi da dor, se respira fundo e condolente.
Santa paz que inspira os quadros da parede da casa.
Se anda em silencio, ao passo de acharmos que somos apenas um vento.
Da colher de pau vem o melhor do doce-de-leite, de laranjas, repetidas vezes que viraram mito dentro das jarras, da matrona cadeira de vime que balanga velha la fora, rindo do tempo e do gramado ainda endocado pela chuva.
Ripe e ripe!
Nas maos negras,o alho se repete no reco-reco dos cheiros, no sabor dos aromas, na fronte dos remedios simples e atemporais.
Do avido sabor, saudades intensas da minha familia, a quem escuto quase todos os dias, pelos cantos e peripecias do radio.
Ah, raios de sol furtam minha fronte.No amarelo dele fico bonita e uma vaidade em pessoa me rouba.
Na cabeceira, tem uma canto de madeira preta.Eu me deito e tento encaixar meus olhos nesse pedaco sem luz, e tanta luz que eu sinto falta da noite.
Se o sono vem, ou nao...passaros amarelos e outros coloridos adentram minha cozinha, bebericam a sopa, sorvem meus legumes, brincam com o xico...e eu rio sem parar.
Me nutro do barulinho das pedras, dos tecidos alvos estirados e relejantes...neutros exibidos embalados pelo vento, acanhados pelo sol...perdidos sobre minha direcao.
O azul e tao intenso que eu caminho de proposito, so pra desalinhar meus cabelos, abrir meus botoes e tocar suas maos no meu lombo, no meu ventre e por fim, aos meus seios que eu ja preparei pra servir.
Estou falando de mim e do vento, e arfo como se fosse a um homem o meu endereco.
Que invencao criou meu criador, entao abro os brancos como duas arquidioceses, conteplando o meu povo e o arado espacial.
Sim, lambe os labios e acende esses olhos de lagrimas e desembaraco.
Os alfaces ainda estao la,cegos de brilho, mas agora os ajeito na companhia da salsa e umas ervas sem nove...eles tambem querem ficar bonitos.
O sabao das roupas e o natrao...a espuma e leve, equilibrada e o cheiro vem quando tocado na pele.
Os meus dedos sao claros, minhas maos se abrem num agulhao de luz, espataculos de milhares de sons e vinhedos...ah eu rodo e as maos abertas so fazem iluminar essa inteira vida de sabores e nao divisoes.
E fito com os dedos, e construo a minha direita, tear e sentir...guiar e clinar, a exatidao dos desenhos, agua que pinga dos vales, sombra negra mas sem maldade.
Quem me dera ser parte desse momento, que doce seria a vida...mas nao, sou apenas uma animadora, meu caminho eu trilho...e eles vivem sobre minha direcao...

Luz sem clarao

Caminhos nos dividem em perdas
Sempre se ganha...na verdade sempre se compra
porque sempre pagamos pelo algo.
Pobre vida de poesias quebradas
Pelo menos pra mim, que ja sequei o cimento
Embrulho minha voz em finos papeis de pao ou bombom
Posso ouvi-lo crepitar seco abrupto.
Estou nessa nova fase da vida, mais maduro
menos vigiado, entao perdido.
E quem mais poderia me dizer se nao aqui, esse canto meu de palavras absurdas
Onde conto os detalhes.
Foi agora, depois de muito tempo envolvido pelo meu drama
Foi agora nesses dias atras
Se soubessemos todos, quao bizarra e nossa alma e nossos pensamentos
fariamos juz ao apodrecer e perecer diante do fim.
Porque se fossemos algo de sagrado, seriamos as flores ao despertar de uma manha.
Mas somos nossos dias saos e vazios, e as necessidades hilarias, julgadas e condenadas pelas proprias vontades de faze-las a fio.
Eu caminho pelos 30 com a mesma frase ressoando minha cavia imagem.
So que agora eu me sinto menos amado e sentido.Na verdade eu sou isso tudo.
E lembro e relembro a infancia, a juventude e os abrigos que detive e os quais devo tanto.
Mesmo ainda, me pergunto se houve algo de bom...se eu tenho algo pra contar
Meu coracao reduzido com o passar do tempo, como o corpo de uma senhora velha que curva-se ao chao.
Forma indireta da natureza que diz que ela deve morrer.
Eu mudei uma grande coisa achando que mudaria muito.
Nada mudou, eu estou aqui, falando com voce.
Quando ainda bem jovem, eu fui muito valente e bravo...eu tragava no futuro minhas forcas
Eu realizava toda minha realidade nos sonhos e acreditem
Tive uma vida paralela indescritivel!
Mas hoje meus olhos caem, e quando descem perdem o brilho e a clareza
Eu me sinto apontando ao chao tambem...e como minhas verdades sao as mais verdadeiras do mundo
nao preciso repetir
Tudo se foi num turbilhao de momentos.
Meus irmaos se casaram em seus coracoes, os quartos da casa vacuos e em vao
cada um para seu lado, cada um para seu rumo
Minha mae subiu, meu pai desceu e eles se dissiparam pelos caminhos de suas vidas
Eu ainda estou naquela casa, ainda vivo sozinho, ainda nao tenho caminho.
Nao e escolha, isso e limite.
Se a piedade branda afaga nossos coracoes quentes como um vento de passe
Entao me entenda, uns tem muito e outros, tao pouco.
Eu ja chorei muito, me magoei muito!
Estou na fase do silencio...fico calado olhando a vida...invejando os outros e suas juventudes...o brilho dos seus risos...vendo os flocos da neve...almaldicoando a velhice, a pobreza, a humildade que sao os males do meu mundo.
Um dia, eu olhei num espelho sem querer...foi um susto pra mim...achei meus olhos escuros e parados...com algo dentro...algo que eu nunca havia visto antes...um brilho morto.
O que farei daqui pra frente, nao sou o principe que fui antes...sou apenas uma pessoa, enlouquecendo pelo temor, pela resistencia...
tudo o que eu tenho mais medo a vida me trouxe de presente e qualidade
E os livros me explicam q tenho que ser grato a isso...o porque eu nao sei...realmente nao sei.
Uma vez, uma mensagem morta disse para que eu me livrasse da minha dor...
Eu nao consigo, nao sei, caso contrario...eu morreria antes do que desejei...
Nao ouse me tocar, nao se aproximem de mim...nao reencostem seus ombros no labor dos meus ouvidos...e nao nasci para isso.