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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

casa branca


Sao poucos metros num espaco de mato, mais do que cheiro de brejo.
Madeira escura, vidrilhos e azulejos vividos, mas todos rachados.
A janelinha mal cabe meu corpo dentro, mas a imagem la de fora me engole por inteira.
Alface, luz de um verde sem fim, um bem fisico, ondulado e regado pela agua mais fria vinda da caneca azul clara, esmaltada e com pequenos e pontilhados desgastes de ferro.
O chao e todo de serrado, mas o ceu e de prata.
Nao existem teias de aranha, porque nao ha provas pra expiar, ja passou.
A vida e simples e de paz, e essas maos que cubro meu coracao...e uma casinha fraterna que guardei pra voce.
O ceu como eu disse e marinho escuro, da cor do melhor azul.
Se anda de chinelos, se constroi da dor, se respira fundo e condolente.
Santa paz que inspira os quadros da parede da casa.
Se anda em silencio, ao passo de acharmos que somos apenas um vento.
Da colher de pau vem o melhor do doce-de-leite, de laranjas, repetidas vezes que viraram mito dentro das jarras, da matrona cadeira de vime que balanga velha la fora, rindo do tempo e do gramado ainda endocado pela chuva.
Ripe e ripe!
Nas maos negras,o alho se repete no reco-reco dos cheiros, no sabor dos aromas, na fronte dos remedios simples e atemporais.
Do avido sabor, saudades intensas da minha familia, a quem escuto quase todos os dias, pelos cantos e peripecias do radio.
Ah, raios de sol furtam minha fronte.No amarelo dele fico bonita e uma vaidade em pessoa me rouba.
Na cabeceira, tem uma canto de madeira preta.Eu me deito e tento encaixar meus olhos nesse pedaco sem luz, e tanta luz que eu sinto falta da noite.
Se o sono vem, ou nao...passaros amarelos e outros coloridos adentram minha cozinha, bebericam a sopa, sorvem meus legumes, brincam com o xico...e eu rio sem parar.
Me nutro do barulinho das pedras, dos tecidos alvos estirados e relejantes...neutros exibidos embalados pelo vento, acanhados pelo sol...perdidos sobre minha direcao.
O azul e tao intenso que eu caminho de proposito, so pra desalinhar meus cabelos, abrir meus botoes e tocar suas maos no meu lombo, no meu ventre e por fim, aos meus seios que eu ja preparei pra servir.
Estou falando de mim e do vento, e arfo como se fosse a um homem o meu endereco.
Que invencao criou meu criador, entao abro os brancos como duas arquidioceses, conteplando o meu povo e o arado espacial.
Sim, lambe os labios e acende esses olhos de lagrimas e desembaraco.
Os alfaces ainda estao la,cegos de brilho, mas agora os ajeito na companhia da salsa e umas ervas sem nove...eles tambem querem ficar bonitos.
O sabao das roupas e o natrao...a espuma e leve, equilibrada e o cheiro vem quando tocado na pele.
Os meus dedos sao claros, minhas maos se abrem num agulhao de luz, espataculos de milhares de sons e vinhedos...ah eu rodo e as maos abertas so fazem iluminar essa inteira vida de sabores e nao divisoes.
E fito com os dedos, e construo a minha direita, tear e sentir...guiar e clinar, a exatidao dos desenhos, agua que pinga dos vales, sombra negra mas sem maldade.
Quem me dera ser parte desse momento, que doce seria a vida...mas nao, sou apenas uma animadora, meu caminho eu trilho...e eles vivem sobre minha direcao...

Um comentário:

Unknown disse...

Sabe o que eu mais gosto em sua escrita? Os tons que consegue... Saudades de você, meu amigo!